A curva da felicidade e o tempo como verdadeiro capital

REFLETE
3 min readMar 5, 2020

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Especial Pra achar o tempo bonito

Ainda falando sobre o tempo, como no post anterior, ontem sentei com duas amigas, na faixa dos 40 como eu. Falamos sobre a leveza em dizer — e a tranquilidade em ouvir — um não. A vontade de servir sinceridade como sobremesa. E a urgente vontade de trocar as roupas, não porque elas não sirvam ou estejam feias, mas porque não nos veste mais.

Até que umas delas me perguntou: “você viu o Tedx A invenção de uma bela velhice, da Mirian Goldenberg?” Eu não tinha visto até agora — e ele já soma mais de 1 mihão de views. Sou fã da antropóloga e escritora e fui correndo dar o clique.

Nele (que coloco abaixo), Mirian comenta como pesquisas feitas por economistas, com mais de 2 milhões de pessoas, em 80 países, mostram um padrão constante: as mais jovens e as mais velhas são as mais felizes. E as que se sentem menos felizes estão entre 40 e 50 anos.

Em pesquisas feitas pela própria Mirian, há mais de 30 anos, ela comenta que, entre as maiores reclamações das mulheres brasileiras que estão nessa faixa, está a falta de liberdade — o que mais invejam no homem. A liberdade com o corpo, a sexual, a de brincar com qualquer bobagem e outras liberdades.

E, quanto aos homens, quando perguntados sobre o que mais invejam nas mulheres, eles disseram: nada.

Sobre essas diferenças de olhares e de sentimentos — algo totalmente cultural — , sugiro a leitura de Homem não chora, mulher não ri: 80 ideias para entender melhor sexo, amor e felicidade, também da Mirian. Em um dos capítulos do livro, ela cita o corpo como capital no mercado amoroso, sexual e de trabalho. Um trecho:

“Quando estive na Alemanha para dar conferências sobre “O Corpo como capital na cultura brasileira”, fiz muitas entrevistas com mulheres.

Percebi que lá, aos sessenta anos, elas se sente no auge da vida, entusiasmadas com projetos pessoais e profissionais, como viagens, programas culturais etc.

Voltando ao Brasil, iniciei uma pesquisa para compreender o significado da velhice em nossa cultura. As mulheres de quarenta e cinco anos falaram, principalmente, da decadência do corpo e da falta de homem.

Para minha surpresa, quanto mais avançava na idade das pesquisadas, mais aspectos positivos apareciam em seus depoimentos sobre velhice. Elas passaram a fazer coisas que sempre desejaram, como dançar, viajar, namorar, pintar, estudar etc.

Mais importante ainda: elas deixaram de se preocupar com a opinião dos outros e a priorizar os próprios desejos.”

Pra fechar, mais uma do livro, para pensarmos:

“Por que as mulheres mais jovens alimentam a crença de que homens levam vantagem com a passagem do tempo?

Essa fica pra outro post. Mas, por enquanto, vale pensar: a velhice tem o peso que você coloca sobre você: 100g ou 1000kg. O tempo, e não o corpo, é o nosso verdadeiro capital.

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