Baile de máscaras: quem vai ser seu par?

REFLETE
2 min readApr 30, 2020

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(Foto de Diane Arbus)

Quando abrir essa porta da pandemia, pra onde a gente vai? Que vida a gente vai escolher levar? Com quem vamos caminhar? Em 2017, ouvi no ColaborAmerica uma frase que até hoje repito: toda compra que você faz é um voto de que aquele lugar continue existindo. Quando vejo várias marcas e pessoas negando o momento, sem fazer qualquer alusão à pandemia ou sem pensar em suas equipes e parceiros, realmente vejo a máscara cair. Nunca se importaram… e agora mostram isso claramente, pra quem quiser ver (você tem visto?). São muitas propostas de “parcerias” sem troca, fotos em paisagens impossíveis de serem visitadas e textos frios, como se nada — nada — estivesse acontecendo. Também de nada adianta fazer máscara para doar, fazer campanha de cestas básicas, quando o fim é somente marketing.

Tenho visto pouca coerência e muitas inverdades. Não adianta comprar orgânico, ir para Amazônia, reduzir consumo, criar produtos de matérias-primas menos nocivas, exaltar uma cadeia produtiva, se, no dia a dia, o que sobra é só um discurso sem raízes fincadas.

A sustentabilidade começa a valer a partir das relações que você cria. Seja com cadeia de trabalho, seja em seu entorno, família, amigos, conhecidos. É um conjunto de coisas e atitudes muito maiores: tempo, divisão e atenção. Sabe aquele meme do “não adianta fazer yoga e não dar bom dia pro porteiro?”. É bem isso.

Aprendi no Bosque de Arthêmis que ano de Sol é ano de cair de máscaras. Que, em momentos regidos por ele, as verdades saem rápidas, cruas, são daquelas que gente ouve, se espanta e questiona: “eu ouvi direito?” E tem sido assim, dia após dias. Concorda?

“E daí?”

Daí que eu penso, aqui na minha filosofia de final do dia, que máscara, geralmente, é algo que se usa para não ser identificado — e me lembro agora de quando chineses, para se protegeram de represálias e prisões por reconhecimento facial durante protestos, lançaram mão do recurso. Agora, por outros motivos, bem diferentes e urgentes, de saúde, proteção e cuidado, temos que usá-las. Curioso que quem diz que não são necessárias, quem nega a gravidade ou finge que nada está acontecendo as tenha deixado… cair.

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