A caminhante das águas
“A água custará tanto quanto o ouro em 30 anos.” Em 2000, Josephine Madamin ouviu essa profecia de um ancião da sociedade Three Fires Midewiwin. Três anos depois, ela iniciaria o movimento Caminhada das Águas, buscando gerar conscientização sobre o abuso e desrespeito em relação a esse elemento vital e reacender o relacionamento sagrado com ele.
Para a nação Anishinaabe, a qual Josephine pertence, a água (Nibi) está associada à Mãe Terra e é responsabilidade das avós liderar outras mulheres nas rezas e proteções.
“A água da Mãe Terra carrega vida para nós e, como mulheres, nós carregamos vida através de nossos corpos. Somos doadoras de vida, protetoras da água, e é por isso que queremos dar à Mãe Terra o respeito que ela precisa, pela água.“ — Mandamin.
Com um balde de cobre com água em uma das mãos e um bastão na outra, ela caminhou cerca de 23.000 km — distância equivale à metade da circunferência da Terra — e percorreu as costas de todos os Grandes Lagos.
“Nós sabemos, há muito tempo, que a água está viva. A água pode te ouvir. A água sente o que você diz e o que você está sentindo. Uma vez coloquei meu tabaco em uma água muito parada. Ela estava morta. Eu rezei por ela. E o tabaco começou a flutuar. A água voltou a viver. Ouviu minhas rezas. Ouviu meu canto. Então, eu sei que ela nos ouve, e que pode voltar a viver se lhe dermos atenção. Respeite-a e ela voltará a viver. Como tudo. Como uma pessoa que está doente… se você lhe der amor, se você cuidar dela, ela voltará a viver. Ela se sentirá melhor. Da mesma maneira, acontece com a nossa mãe, a terra, e a água. Ame-as.” — Mandamin
Josephine faleceu em 2019. Sua última caminhada foi em 2017. Em um comunicado, Carolyn Bennet, Ministra das Relações Coroa-Indígenas declarou:
“O importante trabalho que ela começou por meio da Caminhada pela Água da Mãe Terra e do Conselho de Guardiões dos Grandes Lagos estabelece a base para o futuro dos canais dos Grandes Lagos e para as próximas sete gerações de caminhantes e guerreiros da água de toda a Ilha da Tartaruga.”
Hoje em dia, sua sobrinha Autumn Peltier, de 16 anos, segue seus passos.
E para refletir e aprender mais com a grande avó, assista: