“O que pode acontecer com uma mulher que faz topless no Brasil?” — foi esse o questionamento da artista Beatriz Coelho, algemada essa semana por ficar sem a parte de cima de um biquíni, na praia
Um corpo pelado é um atentado? E “o que pode acontecer com uma mulher que faz topless no Brasil?” — foi esse o questionamento da artista Beatriz Coelho, que fez um topless na praia e, por conta disso, foi levada para a delegacia com os pés algemados. Ao seu lado, um homem sem blusa. Normalmente. E ela, algemada.
Especificamente, fazer topless é crime? Não. Mas, ele pode ser classificado como tal, segundo o artigo 233 do Código Penal, que se refere a atentado ao pudor. Porém, o artigo não explica o que é um ato obsceno. Ou seja, fica a cargo do agente público classificar da maneira que achar que deve — um problema em locais onde o sexismo tem força.
A repercussão do fato provocou reações. O deputado estadual Fluminense Carlos Minc apresentou um projeto de lei que muda o tratamento jurídico sobre a prática, comum na Europa e em outros países. Se aprovada, ficar nu na parte de cima, ou seja, sem blusa ou camisa, não pode ser mais considerado “ato obsceno” em qualquer ambiente do Rio de Janeiro.
A objetificação do corpo da mulher é assunto que merece discussão. E tem que ser falado, exaustivamente, até mesmo pra gente se ouvir. Se a gente parar pra pensar porquê uma mulher de peito de fora é atentado e um homem, não, conseguimos ter dimensão do porquê essa discussão é válida.
Vou levar pra outra cena.
Imagine uma mulher andando só de biquíni na rua. O que poderia acontecer com ela? O que diriam para ela e sobre ela? Um homem andando de sunga passa pelas mesmas questões? Ou anda tranquilo pelas ruas?
Por que uma adolescente de short é “provocadora” e um adolescente não? Porque ela é assediada na rua e um garoto da mesma idade não precisa ter o mesmo medo?
Independente se você vai sair sem blusa, com blusa, sem sutiã, com, se você é a favor ou não do topless, tenha em mente que o corpo é seu. E um corpo — pelado ou vestido — não é um atentado.
Em tempo: vale ler mais sobre o movimento Free the Nipple, uma campanha criada em 2014, pela igualdade de gênero, que luta para que mulheres e aos homens tenham a mesma liberdade e proteção, nos termos da lei. O movimento visa promover a igualdade de gênero e se opor à objetificação sexual.
Fontes: Estado de Minas, Ancelmo Gois (O Globo), A Gazeta